Desafios da transposição: meta do investimento é levar água para 2,7 milhões paraibanos


Contexto é de desconfiança, prejuízos e atrasos, mas Governo projeta conclusão da obra para 2015
“O começo das obras da transposição parecia um sonho realizado para todo mundo daqui, mas até agora só trouxe prejuízo”. A afirmação é da agricultora Maria das Dores Batista, desapropriada da comunidade Boa Vista, próxima ao município de São José de Piranhas, no Sertão da Paraíba - distante 500 km de João Pessoa. Ela é dona de uma das 300 casas desapropriadas no Estado por causa das obras no lote 7 da transposição do Rio São Francisco, que atualmente está parada e será a última a ficar pronta, em dezembro de 2015, segundo o cronograma do Ministério da Integração Nacional.
Há cinco anos, o pai da agricultora recebeu uma indenização, mas hoje a família ainda não pode cultivar os alimentos que eram o sustento da casa onde moram seis pessoas. “Enquanto a obra não fica pronta, a gente não tem como plantar. Antes já era difícil, agora é impossível. O jeito é viver da aposentadoria do meu marido”, lamentou Maria das Dores, sinalizando pouca confiança quanto ao prosseguimento das obras.
A desconfiança em relação à transposição é justificável, já que desde a época do Império a obra é cogitada no Brasil, mas nunca saiu do papel. Desta vez, o cenário pode mudar e o poder público garante que a partir de 2015 o sertanejo conseguirá conviver melhor com a seca. É possível ver as obras do Governo Federal avançando, mesmo que a passos curtos, e alcançando 45% da execução, enquanto os Estados se preparam com as obras complementares para que a água da transposição chegue às residências.
Na Paraíba, o secretário de Recursos Hídricos, João Azevedo, afirma que estão sendo investidos R$ 3,5 bilhões em obras de abastecimento, dos quais R$ 1,5 bilhão é destinado para o suporte à transposição. Segundo ele, as águas do São Francisco chegarão a 2,7 milhões de habitantes em 130 municípios do Estado.
Um desses beneficiados deverá ser o agricultor e comerciante Sandoval Oliveira, que vende nas ruas de São José de Piranhas as frutas e verduras colhidas na própria lavoura. Farto das promessas históricas, ele prefere adotar a cautela e não criar expectativas quanto à chegada do ‘Velho Chico’ ao Sertão da Paraíba. “Eu não acredito muito e vou continuar trabalhando como sempre fiz. Se ficar pronta (a transposição), melhor ainda, porque vou aumentar as vendas. O cultivo hoje só dá praticamente para o consumo da família e sobra pouco para vender”, disse.
Para o secretário João Azevedo, as obras melhorarão não apenas a vida dos agricultores, mas também potencializará o desenvolvimento econômico da Paraíba. “Ao garantir a segurança hídrica é possível alcançar o desenvolvimento econômico, porque a indústria que necessita de bastante água só vai se instalar no Estado se tiver essa garantia”, destacou João Azevedo.
Segundo ele, a transposição, aliada às obras complementares, proporcionará uma melhor condição de vida durante os períodos de seca. “Os efeitos da seca vão ser bastante minimizados com essas ações. Na próxima estiagem, a população vai estar bem mais preparada”, ressaltou.


Fonte:Paraiba Portal Por Felipe Ramelli, Jornal Correio da Paraíba

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Bens da TelexFree no Brasil não serão suficientes para pagar divulgadores

TRE mantém proibição de comícios na eleição de Soledade

Jovem e Cacimba de Dentro é baleada no asfalto e morre na entrada da cidade de Damiao