Eleitores em 8 cidades ultrapassam população
Embora estejam em microrregiões
diferentes na Paraíba, os municípios de Algodão de Jandaíra, Bom Jesus,
Cajazeirinhas, Lastro, Parari, Pilõezinhos, Santa Inês e Santo André
apresentam um “fenômeno” em comum: o eleitorado supera o número de
habitantes. Em dois deles, já foi solicitada uma revisão eleitoral este
ano, mas o TRE indeferiu o trabalho a curto prazo e vai incluí-los no
recadastramento biométrico que será feito após as eleições de 2014.
Foram barradas as revisões em 2013 para
Algodão de Jandaíra e Santo André, além de mais oito pedidos de
municípios cujo eleitorado ultrapassa 80% do número de habitantes. Até o
final deste ano ano, novas solicitações devem chegar ao TRE.
Para o corregedor regional eleitoral,
juiz Tércio Chaves de Moura, é inviável promover a revisão a curto
prazo. “Seria uma perda de tempo e de recursos realizar uma revisão
eleitoral este ano. A médio prazo será feito o recadastramento
biométrico, que será definitivo. A meta do TSE é promover o
recadastramento em todas as cidades do país e, por conseguinte, da
Paraíba”, comentou
BIOMETRIA
O corregedor adiantou que atualmente o
esforço do TRE é para concluir com sucesso o recadastramento biométrico
dos eleitores de João Pessoa, Campina Grande, Mamanguape, Massaranduba,
Boa Vista, Lagoa Seca, Mataraca, Cuité de Mamanguape, Capim,
Itapororoca, Caiçara, Logradouro, Serra da Raiz, Emas, Catingueira, Olho
D'água, Aguiar, Igaracy e Nova Olinda. Nas eleições passadas, a
votação por meio da impressão digital já ocorreu em Cabedelo, Pedras de
Fogo, Piancó e Santana dos Garrotes.
DOMICÍLIOS ELEITORAL E CIVIL SÃO DISTINTO
Domicílios eleitoral e domicílio civil
são conceitos distintos que possuem características próprias no Código
Civil e no Código Eleitoral. Se para o primeiro, domicílio é o local em
que a pessoa se estabelece com ânimo definitivo, admitindo até mesmo a
possibilidade de múltiplos domicílios, caso a pessoa tenha mais de uma
residência e alterne a moradia, na legislação eleitoral o conceito é
diferente. O domicílio eleitoral, embora deva ser único, pode ser
também o local em que o eleitor tenha vínculo profissional, familiar ou
político.
Para Eduardo Alckmin, advogado
especialista em Direito Eleitoral, embora o conceito de domicílio
eleitoral seja mais amplo, permitindo escolha por parte do eleitor, há
restrições. “Não é uma liberdade total. O eleitor deve demonstrar que
ali ele possui o que a lei chama de residência ou moradia. O cidadão
tem que ter uma presença física naquela localidade em que pretende se
estabelecer como eleitor. Não pode simplesmente se ligar a uma cidade
qualquer, por gosto ou opções pessoais e então ali ser eleitor. Ele tem
que ter um vínculo”, explica.
Nas regiões em que há grande fluxo
migratório, por exemplo, é comum que, ao se mudar de cidade ou Estado, o
eleitor não transfira o título, como uma forma de se manter vinculado a
suas raízes familiares. “As pessoas não querem perder contato com suas
raízes, com sua família. Então moram em outros lugares, mas se sentem
muito ligadas a sua origem e quando têm oportunidade de votar, querem
fazê-lo na cidade onde nasceram. É um vínculo muito forte e a Justiça
Eleitoral reconhece isso”, afirma Alckmin.
O advogado ressalta que não é possível
admitir o eleitor que frauda a lei se inscrevendo numa cidade na qual
não tem qualquer tipo de fixação e destaca que a Justiça Eleitoral tem
mecanismos para coibir as fraudes, seja por meio de denúncias ou por
análise da quantidade de inscrições e transferências realizadas nos
cartórios eleitorais.
CAJAZEIRINHAS: 110% DO ELEITORADO
O “fenômeno da multiplicação” de
eleitores foi feito a partir do levantamento do Tribunal Superior
Eleitoral e da população pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), referente ao mês de julho de 2013. Em
Cajazeirinhas, no Sertão paraibano, eleitorado (3.450) maior quase 10%
do que o número de habitantes (3.131), isso sem falar nos menores de 16
anos que não estão alistados.
Outro exemplo é o município de Parari,
localizado na microrregião do Cariri Ocidental. A área territorial é
de 128 km². De acordo com o IBGE, a cidade possui 1.859 eleitores e
1.823 habitantes. Em Algodão de Jandaíra, na microrregião do Curimataú,
são 2.446 moradores para um eleitorado de 2.652. Já o município de
Lastro, no Sertão, não fica muito atrás. A cidade conta com 2.809
habitantes e 3.107 eleitores, ou seja, mais de 100%. Em Pilõezinhos,
no Brejo, o eleitorado chega a 5.234 para 5.159 moradores.
REVISÃO
A Lei nº 9.504/1997, a Lei das
Eleições, permite ao TSE determinar revisões eleitorais ou correição
das Zonas Eleitorais se constatar, por exemplo, que o total de
transferências de eleitores ocorridas em determinado ano seja 10%
superior ao do ano anterior. Também é possível determinar a revisão se o
eleitorado do município for superior a 65% da população projetada para
aquele ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Fonte:Jornal da Paraíbahttp://www.paraibaportal.com
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